O DOCE ENGANO: OS RISCOS ESCONDIDOS POR TRÁS DO REFRIGERANTE ZERO
Apesar de serem vendidos como a alternativa saudável, os refrigerantes zero escondem perigos que vão muito além das calorias. Diversos estudos científicos recentes, incluindo uma pesquisa de Harvard, alertam que os adoçantes artificiais como o aspartame, acessulfame de potássio e sucralose podem aumentar o risco de doenças graves, como AVC e infarto. Além disso, essas bebidas estão ligadas à síndrome metabólica, à desregulação da flora intestinal e até mesmo ao desgaste do esmalte dos dentes. Embora o consumo moderado possa não ser prejudicial, a ciência sugere que a melhor escolha para a sua saúde é a mais natural: a água.
Rafael Padilha
9/2/20255 min read


REFRIGERANTES "ZERO": O DOCE SABOR DE UM RISCO SILENCIOSO?
Você já se perguntou se trocar o refrigerante comum por um "zero açúcar" é a escolha mais saudável? A promessa de sabor sem calorias atrai milhões de pessoas, mas a ciência tem mostrado que a resposta pode não ser tão simples. Diversos estudos recentes têm levantado a bandeira vermelha sobre os perigos dos adoçantes artificiais, ligando o consumo a doenças graves como AVC, infarto e a temida síndrome metabólica.
O QUE RENDE O SABOR DOCE SEM AS CALORIAS?
Uma das principais razões pelas quais os refrigerantes "zero" são aclamados é a sua ausência de calorias. No entanto, a composição por trás dessa promessa esconde alguns fatos importantes. A baixa caloria é alcançada porque os adoçantes artificiais, como aspartame, sacarina e sucralose, não são metabolizados pelo nosso corpo da mesma forma que o açúcar. Em alguns casos, a quantidade desses ingredientes é tão mínima que a contribuição calórica é quase zero.
Embora o refrigerante diet não contribua diretamente para o ganho de peso, pois não oferece calorias para a insulina converter em gordura, ele pode ter um efeito indireto. Estudos sugerem que os adoçantes artificiais podem aumentar o apetite por carboidratos, desregular a microbiota intestinal e até mesmo elevar o risco de resistência à insulina, um passo importante para o desenvolvimento de diabetes tipo 2.
ADOÇANTES ARTIFICIAIS E O CORAÇÃO: UMA RELAÇÃO DE RISCO
Um estudo recente da Universidade de Harvard, publicado em 2023, monitorou a dieta de mais de 100 mil voluntários por nove anos e trouxe à tona dados alarmantes. A pesquisa associou três adoçantes populares — aspartame, acessulfame de potássio e sucralose — a um risco maior de problemas cardiovasculares. O estudo revelou que pessoas que consumiam esses adoçantes regularmente tinham um risco 9% maior de doenças cardiovasculares e 18% maior de derrame. Dois desses adoçantes, o aspartame e o acessulfame de potássio, são componentes-chave da fórmula da Coca-Cola Zero.
Essas pesquisas ecoam as preocupações da American Heart Association (AHA) e da American Diabetes Association (ADA), que já haviam se posicionado de forma cautelosa sobre o uso de adoçantes artificiais, principalmente como uma estratégia para combater a obesidade e a síndrome metabólica.
O QUE É SÍNDROME METABÓLICA E POR QUE ELA É UM PERIGO?
A síndrome metabólica não é uma doença única, mas um conjunto de fatores de risco que, juntos, aumentam a probabilidade de desenvolver doenças cardíacas, derrame e diabetes tipo 2. Ela é diagnosticada quando uma pessoa apresenta três ou mais dos seguintes sinais:
Excesso de gordura abdominal.
Níveis elevados de triglicerídeos no sangue.
Colesterol HDL ("bom") baixo.
Pressão arterial alta.
Glicose elevada no sangue.
De forma irônica, o consumo diário de refrigerantes dietéticos foi associado a um risco 36% maior de síndrome metabólica e a um risco 67% maior de diabetes tipo 2, segundo o Estudo Multiétnico de Aterosclerose. Isso levanta um questionamento: os produtos que deveriam prevenir essas condições podem, na verdade, estar contribuindo para o problema?
ASPARTAME: O LADO SOMBRIO DE UM ADOÇANTE POPULAR
Além dos riscos cardiovasculares, a segurança do aspartame — presente em muitos refrigerantes e produtos diet — também tem sido um tema de debate. Recentemente, a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), após revisar mais de 1.300 estudos, classificou o aspartame como Grupo 2B, ou “possivelmente carcinogênico para humanos”.
Embora essa classificação não signifique que o adoçante causa câncer, ela indica que há alguma evidência limitada de carcinogenicidade. As classificações da IARC variam de:
Grupo 1: Carcinogênico para humanos.
Grupo 2A: Provavelmente carcinogênico para humanos.
Grupo 2B: Possivelmente carcinogênico para humanos.
Grupo 3: Não classificável.
ONDE O ASPARTAME SE ESCONDE?
O aspartame que é um adoçante artificial (químico) não está limitado aos refrigerantes "zero". Ele é um ingrediente onipresente em muitos alimentos e produtos que fazem parte do nosso dia a dia, muitas vezes com a intenção de reduzir calorias. Por isso, é fundamental ler os rótulos. Além dos adoçantes de mesa, o aspartame pode ser encontrado em:
Chicletes sem açúcar
Iogurtes e pudins lights ou sem açúcar
Sorvetes com poucas calorias
Barras nutricionais e de cereais
Certos molhos, xaropes e condimentos
MAIS RISCOS ALÉM DAS CALORIAS
O perigo dos refrigerantes "zero" não se limita aos adoçantes. A composição da bebida também traz outros riscos à saúde.
Saúde Óssea e Dentes: O ácido fosfórico e o ácido cítrico, usados para realçar o sabor, podem comprometer a absorção de cálcio e enfraquecer o esmalte dos dentes. A acidez (pH) do refrigerante pode desgastar o esmalte dental em até 50%, independentemente de ter açúcar ou não.
Sódio e Coração: O alto teor de sódio presente em algumas versões (uma lata de 350 ml de Coca-Cola Zero tem 49 mg de sódio) pode contribuir para a hipertensão arterial e doenças renais, aumentando o risco de problemas cardiovasculares.
Câncer: Além da classificação da OMS sobre o aspartame, a presença de ácido fosfórico em alguns refrigerantes também tem sido associada a um possível aumento do risco de câncer.
NÃO É UMA OPÇÃO SAUDÁVEL, MAS UMA ESCOLHA A SER MODERADA
Embora o consumo ocasional de refrigerante "zero" em uma dieta equilibrada possa não ser prejudicial, é crucial entender que essa bebida não oferece nenhum benefício nutricional. Os adoçantes artificiais podem causar uma compulsão por alimentos doces, e a bebida como um todo pode trazer efeitos negativos no metabolismo e na saúde neurológica.
A melhor opção para hidratação e bem-estar continua sendo a água. Afinal, a sua saúde é o seu bem mais precioso, e a melhor escolha para o seu corpo é sempre a mais natural.
Fontes de Referência:
AMERICAN DIABETES ASSOCIATION. et al. Diet soda intake and risk of incident metabolic syndrome and type 2 diabetes in the Multi-Ethnic Study of Atherosclerosis (MESA). Diabetes Care, [s. l.], v. 32, n. 4, p. 688–694, 2009. Disponível em: https://diabetesjournals.org/care/article/32/4/688/29040/Diet-Soda-Intake-and-Risk-of-Incident-Metabolic. Acesso em: 2 set. 2025.
BVSMS. Ingestão regular de adoçantes artificiais aumenta risco de AVC e infarto. 2022. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/ingestao-regular-de-adocantes-artificiais-aumenta-risco-de-avc-e-infarto/. Acesso em: 2 set. 2025.
CNN BRASIL. Adoçante artificial pode aumentar risco cardiovascular, diz estudo. 2023. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/saude/adocante-artificial-pode-aumentar-risco-cardiovascular-diz-estudo/. Acesso em: 2 set. 2025.
CNN BRASIL. Estudo sugere que adoçante 'zero' pode aumentar o risco de ataque cardíaco e derrame. 2022. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/saude/estudo-sugere-que-adocante-zero-pode-aumentar-o-risco-de-ataque-cardiaco-e-derrame/. Acesso em: 2 set. 2025.
G1. Estudo aponta associação direta entre consumo de adoçante no refrigerante e de mesa e risco de derrame e infarto. 2022. Disponível em: https://g1.globo.com/ciencia/noticia/2022/09/07/adocante-no-refrigerante-e-de-mesa-estudo-aponta-associacao-direta-entre-consumo-e-risco-de-derrame-e-infarto.ghtml. Acesso em: 2 set. 2025.
HARVARD HEALTH PUBLISHING. Metabolic syndrome is on the rise: What it is and why it matters. 2020. Disponível em: https://www.health.harvard.edu/blog/metabolic-syndrome-is-on-the-rise-what-it-is-and-why-it-matters-2020071720621. Acesso em: 2 set. 2025.
INTERNATIONAL AGENCY FOR RESEARCH ON CANCER (IARC). Aspartame, Methyleugenol, and Isoeugenol. Lyon: IARC, 2024. (IARC Monographs on the Identification of Carcinogenic Hazards to Humans, v. 134). Disponível em: https://publications.iarc.who.int/Book-And-Report-Series/Iarc-Monographs-On-The-Identification-Of-Carcinogenic-Hazards-To-Humans/Aspartame-Methyleugenol-And-Isoeugenol-2024. Acesso em: 2 set. 2025.
INFOMONEY. Adoçantes em refrigerantes diet podem aumentar risco cardíaco, aponta novo estudo. 2023. Disponível em: https://www.infomoney.com.br/saude/adocantes-em-refrigerantes-diet-podem-aumentar-risco-cardiaco-aponta-novo-estudo/. Acesso em: 2 set. 2025.
SANTÉ OCUPACIONAL. Refrigerante zero: o que é, tem malefícios? E é uma opção saudável?. 2023. Disponível em: https://santeocupacional.com.br/refrigerante-zero-maleficios/. Acesso em: 2 set. 2025.
WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Aspartame hazard and risk assessment results released. 2023. Disponível em: https://www.who.int/news/item/14-07-2023-aspartame-hazard-and-risk-assessment-results-released. Acesso em: 2 set. 2025.
Contato
Redes Social
Horário de Funcionamento
+55 41 98764-8796